
O argumento principal de Luz é que Mônica representa o bullying, fenômeno comum entre as crianças mais conhecido como tomar-porrada-do-valentão-do-colégio, e por isso induz os leitores mirins a violência.
"[Mônica] traz consigo uma característica: ela resolve tudo na porrada. Tudo. Este é um elemento educativo complicado. Ao invés do diálogo, da negociação, parte logo para a violência. Quando está em apuros, é no braço, ou fazendo uso do seu coelhinho, que Mônica resolve. Moral da história: neste tipo de conflito, ganha o mais forte", enfatiza o texto.
O autor compara as situações em Turma da Mônica aos conflitos mais intelectuais nos quadrinhos de Calvin e Mafalda (lembrando, porém, que estes não são direcionados a um público da mesma faixa etária). E segue para outros personagens da Turma, como Magali - "se uma criança que tenha obsessão por comer se identificar com Magali, não vai se esforçar para romper com essa obsessão" - e Chico Bento, "uma visão burguesa - distante e elitista - do campesinato".
Luz finaliza o texto abordando que os personagens criados por Maurício de Sousa são "um retrocesso", "um monte de clichês", "sem opinião e naturalmente conservadores" - no caso destes últimos adjetivos, ressaltando semelhanças com os personagens de Walt Disney. O jornalista também coloca que não se vê esse tipo de crítica à Turma da Mônica na imprensa "por razões nacionalistas".
O artigo menciona outro conhecido caso que gerou crítica aos quadrinhos, o livro Para Ler o Pato Donald, do chileno Ariel Dorfman com o belga Armand Mattelart. Muito lido no Brasil na década de 1970, é uma visão marxista das histórias de Donald, Huguinho, Zezinho, Luizinho, Tio Patinhas e o resto dos patos, que destaca como as HQs incutem valores capitalistas nos leitores, entre outras questões.
O artigo nega, porém, visões mais contemporâneas da própria psicologia infantil, como as apresentadas no livro Brincando de Matar Monstros, de Gerard Jones. Analisando os games, animês e HQs violentos, Jones consulta especialistas para chegar à conclusão de que a violência nesse tipo de entretenimento sobrepõe as crianças mais como válvula de escape do que com a função, à primeira vista mais óbvia, de promover violência real.
Esse simples artigo de Dioclécio Luz foi capaz de espalhar uma série de reações negativas na Internet, em blogs e discussões no Twitter. O autor Maurício de Sousa não quis falar sobre tal assunto. Dois fãs, Fernando Marés de Souza e Pablo Peixoto, resolveram contestar de forma mais brincalhona: em Porra, Maurício!, publicam cenas dos quadrinhos e das animações da Turma tirando-as do contexto para reclamar com Maurício de Sousa do "desvirtuamento" que promovem.
Via: 80
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