Aliens são o destaque na superprodução - Distrito 9

Quando o sul-africano Neill Blomkamp se desligou do projeto de dirigir a adaptação cinematográfica do videogame "Halo" - que ainda existe, previsto para 2012 -, o cineasta e produtor Peter Jackson (a mente por trás de "O Senhor dos Anéis") ofereceu US$ 30 milhões para Blomkamp fazer o que quisesse. O que seria o sonho de qualquer cineasta em início de carreira (este é o primeiro longa de Blomkamp) nada mais era do que sexto sentido cinematográfico do experiente Jackson. O resultado é "Distrito 9", um dos mais novos fenômenos de bilheteria dos Estados Unidos, onde faturou US$ 114 milhões. Isso porque dificilmente um filme com indicação R (para maiores de 17 anos) atinge um grande faturamento nos cinemas, como é o caso.


Surpreendentemente parada sobre Johannesburgo - e não em Washington ou Nova York, como em outras produções de ficção científica -, uma gigantesca nave espacial despeja milhares de seres extraterrestres na maior cidade da África do Sul e permanece 20 anos pairando sobre o Distrito 9, como ficou conhecida a área onde os aliens permanecem isolados, em meio a impossibilidade de voltar para casa. Os humanos passam duas décadas sem saber o que fazer com os novos habitantes da cidade que, com o tempo, constróem barracos - como as favelas que tão bem conhecemos - e partem para a marginalidade, roubando tênis e celulares dos humanos - verdadeiros trombadinhas num apartheid intergaláctico. Até que a Agência MultiNacional Unida, criada para "cuidar" desses alienígenas, tem a "brilhante" ideia de realocá-los, construindo tendas a mais de 100 quilômetros de Johannesburgo para isolar mais ainda os visitantes intergalácticos. A situação, que já se encontrava à beira do caos, torna-se incontrolável quando o improvável líder do processo de locomoção, o atrapalhado Wikus Van De Merwe (Sharlto Copley), sofre um acidente.

A premissa de "Distrito 9" é baseada no curta-metragem "Alive in Joburg" (2005), escrito e dirigido por Blomkamp. Foi nesse trabalho que o diretor trabalhou pela primeira vez com Copley, que nem tinha intenções de seguir como ator, mas agradou tanto como o protagonista desta ficção científica que ele será o capitão Murdock da adaptação cinematográfica de "Esquadrão Classe A". E nenhum lugar melhor do que a cidade sul-africana - que, até 1994, separava e isolava os negros no Soweto, bairro de periferia que abriga as favelas da cidade - para ambientar este longa, que ultrapassa as barreiras do gênero "filme de extraterrestres".

O começo de "Distrito 9" é conduzido de maneira documental, com depoimentos e todos os elementos do gênero. O espectador demora a saber o que está acontecendo. E é assim, aos poucos, que Blomkamp conquista a atenção de seu público, criando um clima de tensão que chega a ser palpável. Os alienígenas, apelidados de "camarões", têm uma aparência que lembra um inseto. Não à toa, em dado momento o filme dialoga com "A Mosca", clássico do terror dirigido por David Cronenberg em 1986. São assustadores e completamente convincentes, especialmente pela forma documental como são mostrados.

O filme extrapola seu gênero por construir a tensão social espelhada no real clima de intolerância que tomou conta de Johannesburgo durante o apartheid. Mesmo sendo seres de outro planeta, as criaturas acabam sendo corrompidas pela precária sobrevivência que conseguem levar no Distrito 9, não somente isoladas, mas também reprimidas por uma violenta gangue de imigrantes nigerianos que dominam o local, não bastando o fato de não poderem voltar para casa. É, portanto, uma ficção com fortes raízes na realidade, o que a torna única em seu gênero.

Combinando uma boa dose de ironia, drama, excelentes efeitos especiais e um protagonista forte, "Distrito 9" faz o quase impossível: tornar convincente uma ficção científica.

Confira os teasers do filme!



Via - yahoo

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